Lucrécia (gente)

"Estupro de Lucrécia".
Entre 1600 a 1625. Por Hubert Gerhard, no Museu de Arte Walters, nos EUA.

A gente Lucrécia (em latim: Lucretius; pl. Lucretii) era uma gente muito importante da República Romana. Originalmente patrícia, passou a incluir diversas famílias plebeias mais tarde. Era uma das mais antigas gentes romanas e entre seus membros estava a esposa de Numa Pompílio, Lucrécia. O primeiro a alcançar o consulado foi Espúrio Lucrécio Tricipitino, em 509 a.C., o primeiro ano da República[1].

Prenomes

Os Lucrécios patrícios preferiam os prenomes (em latim: praenomina) Tito, Espúrio, Lúcio e Públio. São a única gente conhecida a ter utilizado o prenome Hosto e podem também ter utilizado Opítero, um prenome muito utilizado pela gente Vergínia.

Os principais prenomes utilizados pelos Lucrécios plebeus foram Lúcio, Marco, Espúrio e Quinto. Há ainda exemplos de Caio, Cneu e Tito[1][2].

Ramos e cognomes

A única família patrícia dos Lucrécios tinha o cognome (em latim: cognomen) Tricipitino. As famílias plebeias eram conhecidas pelos cognomes Galo, Ofela e Vespilão. Caro foi utilizado pelo poeta Lucrécio. Em moedas, aparece ainda Trio, que não é mencionado por nenhum autor antigo. Uns poucos Lucrécios aparecem sem um cognome[1].

Membros

Lucrécios Tricipitinos

Lucrécios Vespilões

Outros Lucrécios

  • Lucrécia, esposa de Numa Pompílio, o segundo rei de Roma, com quem, segundo alguns relatos, ela se casou depois de chegar ao trono[24].
  • Lúcio Lucrécio, questor em 218 a.C., o início da Segunda Guerra Púnica; foi feito prisioneiro pelos lígures juntamente com outros oficiais romanos e libertado por Aníbal[25].
  • Marco Lucrécio, tribuno da plebe em 210 a.C., teve um papel importante na disputa sobre a nomeação de Quinto Fúlvio Flaco como ditador para aquele ano[26].
  • Espúrio Lucrécio, pretor em 205 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica, recebeu a Gália Cisalpina como sua província. Em 203 a.C., reconstruiu a cidade de Genua, que havia sido destruída por Magão Barca[27].
  • Caio Lucrécio Galo, pretor em 171 a.C., recebeu o comando da marinha romana na Terceira Guerra Macedônica contra Perseu da Macedônia. No ano seguinte, foi acusado de grandes crueldades e condenado a pagar uma pesada multa[28][29].
  • Marco Lucrécio, tribuno da plebe em 172 a.C., apresentou a proposta de lei "..ut agrum Campanum censores fruendum locarent". No ano seguinte, serviu como legado de seu irmão, Caio, o pretor, na Grécia[30].
  • Espúrio Lucrécio, pretor em 172 a.C., recebeu a Hispânia Ulterior como província. Em 169 a.C., serviu com distinção ao cônsul Quinto Márcio Filipo na Terceira Guerra Macedônica. Foi um dos três embaixadores enviados à Síria em 162 a.C.[31][32].
  • Cneu Lucrécio Trio, triúnviro monetário por volta de 136 a.C..
  • Quinto Lucrécio Ofela, um aliado de Sula, comandou o exército que aceitou a rendição de Preneste em 82 a.C.. No ano seguinte, foi candidato ao consulado, uma clara violação da Lex de magistratibus de Sula e acabou sendo morto por um dos soldados dele.
  • Lúcio Lucrécio Trio, triúnviro monetário por volta de 76 a.C..
  • Marco Lucrécio, um senador romano e um dos advogados contratados por Caio Verres, o que levantou suspeitas de que teria sido subornado[33].
  • Tito Lucrécio Caro, um grande poeta do século I a.C. e autor de "De rerum natura" ("Da Natureza das Coisas").
  • Quinto Lucrécio, uma amigo íntimo de Caio Cássio Longino e aliado dos optimates. Durante a guerra civil, foi obrigado a fugir da cidade de Sulmo quando seus próprios homens abriram os portões para Marco Antônio[34][35].

Referências

  1. a b c Smith, Lucretii
  2. Realencyclopädie der Classischen Altertumswissenschaft.
  3. Lívio, Ab Urbe Condita i. 58, 59, ii. 8.
  4. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas iv. 76, 82, 84, v. 11, 19.
  5. Tácito, Anais, vi. 11.
  6. Cícero, De Republica, ii. 31.
  7. Lívio, Ab Urbe Condita i. 55 ff.
  8. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas iv. 64 ff.
  9. Lívio, Ab Urbe Condita ii. 8, 11, 16.
  10. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas v. 20, 22, 23, 40 ff.
  11. a b Lívio, Ab Urbe Condita iii. 8, 10, 12.
  12. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas ix. 69-71, xi. 15.
  13. Diodoro Sículo, Bibliotheca Historica xii. 73.
  14. Lívio, Ab Urbe Condita iv. 44, 47.
  15. Lívio, Ab Urbe Condita v. 29, 32, vi. 4, 21, 22.
  16. Plutarco, Vidas Paralelas, "Camillus," 32.
  17. Aurélio Vítor, De Viris Illustribus, 64.
  18. D.P. Simpson, Cassell's Latin & English Dictionary (1963).
  19. Cícero, Brutus, 48.
  20. a b Apiano, Bellum Civile, iv. 44.
  21. Júlio César, Commentarii de Bello Civili, iii. 7.
  22. Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis, vi. 7. § 2.
  23. Dião Cássio, História Romana liv. 10.
  24. Plutarco, Vidas Paralelas, "Numa," 21.
  25. Lívio, Ab Urbe Condita xxvii. 5
  26. Lívio, Ab Urbe Condita xxvii. 5.
  27. Lívio, Ab Urbe Condita xxviii. 38, xxix. 13, xxx. 1, 11.
  28. Lívio, Ab Urbe Condita xl. 26, xlii. 28, 31, 35, 48, 56, 63, xliii. 4, 6, 7, 8.
  29. Políbio, Histórias xxvii. 6.
  30. Lívio, Ab Urbe Condita xlii. 19, 48, 56.
  31. Lívio, Ab Urbe Condita xlii. 9, 10, xliv. 7.
  32. Políbio, Histórias xxxi. 12, 13.
  33. Cícero, In Verrem, i. 7.
  34. Cícero, Epistulae ad Atticum, iv. 16. § 5, vii. 24, 25.
  35. Júlio César, Commentarii de Bello Civili, i. 18.

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Lucrécia (gente)